A Umbandas (banhos de cheiros)

Foto tirada durante o "Hard Party",tradicional evento do universo Hard Rock/Metal que ocorre todos os anos no Recife Antigo.Nesse ano,o evento aconteceu na boate Bomber Rock Bar,e sinceramente,como eu estava suado e bêbado,não sei como fiz essa foto (p.s:A foto da minha apresentação desse blog,foi tirado lá)...Recife, 06/02/2010.

Eu estou nu.1,88 de corpo negro e nu.Moreno nu,como um rei.Sou eu negro lindo.Vou encontrar minha amante,e com ela tomar banhos de cheiro,como se faz na umbanda.Aumbanda, que em sânscrito,pode ser interpretado como "Deus ao nosso lado" ou "o lado de Deus", como me disse o caboclo da Sete Encruzilhadas.Em nosso leito,ela só se entrega a quem a procura.É a prostituta de quem descobre seu segredo.Desde pequeno deixo ela me levar, me possuir: Quando menino as brincadeiras inocentes, os risos...logo substituídos por súbitos desmaios sem explicação.Epilepsia de pequeno mal,era o nome que lhe davam.Nunca foi explicado,pois toda vez que chegava ao hospital,eu já passava desse pequeno mal.Me custaram anos de Gardenal.Um gosto sem sal, que eu odiava tomar,e tinha como mau.Só sabia de uma coisa,de pequeno mal,ela só tinha nome...
Pois me afastava do colo da minha amante.Até os sete anos,foi assim.Quando em curei,e tive que lidar com os problemas de sociabilidade típicos de tratamentos tão demorados, minha mãe comemorou e fez festa,e ela, minha amante, foi a primeira a me benzer.Então chegou as adolescências e os nossos encontros passaram a ser mais demorados,mais prazerosos,mais intensos...engraçada essa descoberta de pequenos prazeres escondidos em recônditos tão silenciosos do mundo infantil,que já não era mais tão infantil.As manipulações de menino,que davam lugar aos toques do homem que se descobria desejante de cheiros.
Ela vêm,e me corta o pensamento.Se joga em mim com toda a sua força.Cai como flores, que na Bahia e nas afro religiões, se deve chamar para calar o nome proibido das pipocas, que se faladas verdadeiramente, lhe pipocam o corpo.Então pense em flores,jamais em pipocas!E serão essa flores que a mãe de santo irá lhe banhar...
Esqueço disso: Levanto meu rosto anguloso e moreno em direção de seu beijo.Abro meus olhos castanhos negros,e ela percorre os mesmos caminhos que as lágrimas já percorreram, que já foram derramadas por outras mulheres.Mulheres que ela nunca teve cíume,pois me divide sempre que pode.Ela não se importa,só eu sou ciumento com ela.Ela me desdenha...sempre me provoca,e eu vou atrás,sempre atrás dela.Então ela me desenha sem lápis, o meu rosto como rascunho em suas mãos.Mãos que passeiam e alisam meus cabelos crespos.Me mordem sensualmente as orelhas.Desenham grossas sobrancelhas negras.Me cala a boca com seu demorado beijo, que passeia sua língua em meus morenos lábios, meio rosados.Lábios grossos de carinhos negros,mas sensíveis,que já mais de um beijo e um suspiro já teve arrancado e arrancaram do mesmo, que adoram que os mordam com gosto intenso e que gosta de morder com o mesmo ensejo, e deixar marcada na pele da menina moça um vermelho de pecado querendo suar....Provoca Diego!Sente esse gosto, que sei que tu gosta, bem safado mesmo, de vontade que dá de provocar, de mexer na menina e ela ficar na dúvida, da vontade de se dar o inteiro quando só se quer ceder a metade.Sorria sempre nessa dúvida moreno, porque o que é bom não precisa acabar cedo,e você tem todo esse tempo com o corpo delas colado no seu peito...
Vêm me ler: Deixa essa leitora sentir um formigamento no meio dessas pernas,arranhadas pelas unhas que disfarçam não se conter, esse movimento nervoso nas coxas,o suor do corpo, o frio da mão,morder a unha na boca,um calor na nuca, jogar esse cabelo pra trás como se houvesse vento e vontade de descobrir nosso corpo inteiro, nessa tela cheia de textos.Sente a respiração prender,leia e releia,como se fosse pra você.Ria um pouco dessa surpresa, brinque com essa imaginação,como uma menina de colégio.Morda o lábio inferior, sente a garganta seca, a língua passear nos dentes e passa um pouco dessa saliva no local do beijo como um batom carmim ou negro pra deixar úmido o que tiver seco,e um sorriso bem safado aparecer.Se arranhe.Vê como o ar dos pulmões fica pesado,fazendo estufar e endurecer os seios que não cabem dentro desse ser,como se quisesse pular feito criança levada? Deixem esses dedos tocarem e passearem sem compromisso de tempo perder.Faz essa roupa ficar apertada, desconfortavelmente safada e que dê vontade de tirar e ceder.Não seja tímida,se deixe ir...sei que no fundo,você quer um pouco.Apura essa  audição para ouvir a respiração mais descompassada,mais quente,mais forte desse cheiro.Olha pros lados: Se aproxime mais,mexe essa cadeira mais pra perto e lê mais curiosamente...guarde isso pra sonhar hoje de noite, quando no seu sonho você não tiver mais amarra,e o cobertor lhe parecer pequeno. Não haverá censores hoje de noite para você. E invés de frio,sentir calor.Sente esse cheiro,esse toque imaginário...Olha pro lado querida quando tiver acompanhanda,não queremos (?) flagras...não deixa eles saberem desse pensamento,que é só nosso.Esquece por um minuto o namorado,o ficante, o pretendente, o noivo,o marido todos esses desconhecidos diários.Se deixe ser solteira por hoje,e se for,melhor ainda.Não deixa a família saber, deixem pensar que você seja casta,e se for casta que não tenha desejo. Deixa assim ser proibido, finge esse delírio.Mas,se tiver só,tranque essa porta, deixa a luz do quarto baixa ou desligada, inventa uma desculpa,me olha e me lê, e me imagina em você, me dê a mão e passea como se fosse dentro de um jardim secreto.E sente na língua rosada esse gosto de desejo,que me faz fechar os olhos e abrir o sorriso de negro...de dentes brancos de delícias de ser negro.
Me arrepia a morena pele toda,e passa suas unhas em minhas costas largas.Abaixo a cabeça pra sentir seu beijo na nuca cansada de um dia inteiro,e me entrego.Deixo o dia ser lavado pelos meus pensamentos.Me faz esquecer,me leva contigo!Levanto o rosto anguloso.Sua unha desce como gota, do meu beijo,descendo o queixo e arranhando de leve o pomo de adão,até chegar em meu peito.Me morde nesse jorro meu mamilo,arraca a pele com seu suado beijo!Abandone esse buraco onde ficava esse coração de nego.Segura esses braços que estão fortes,apesar de academia só ter feito quatro meses, mais que ficam moles pelo seu toque sem resistência.Me vai beijando...me explorando.Pegando na bunda, passando por trás das minhas grossas coxas.Descendo a barriga,o umbigo,passando por esse equador.Não há pecado abaixo da linha do Equador...faz em mim um discurso oral de arrepiar os pêlos,como se fosse beijo, como se fosse banho,como se fosse água...Me masturbe com seus toques,me excita com suas danças.Viu como não fico mais tão tímido quando você me toca?
Pega o sabão,me faz espuma,e massageia novamente esse corpo moreno, cheiroso e gostoso, que você têm. Que é da cor do pecado, que faz tão bem...tem sabor diferente, que a boca da gente,não faz esquecer...Mais ela não para,e vai me descendo até os pés.E a vejo indo embora no ralo,carregando as impurezas de todo um dia.
Depois desse sexo, me derrama agora seus banhos de cheiro em vasilhames brancos: De Sal do Oriente, de Perfume, de cachaça e mel,de pétalas de flores, de capim santo, de alho,de flores (jamais pipocas!),de pombas,tantos banhos pra me fechar o corpo!Me livrar do mau olhado,dos maus espíritos,me faz quebrar essa vela tr~es vezes e jogar fora.Acender a vela pros santos.Sou espírita,mas,tenho dois pés,um na umbanda vinda da minha família bahiana,outra na França,de Hippolyte Léon Denizard Rivail,o druida celta Allan Kardec.Não tenho medo de espíritos,tenho dos vivos.Deixai os mortos enterraremseus mortos....

Minha mãe me grita:

"-Diego,olha a demora no banho!"

Enxugo na minha pele, as marcas do beijo dela,da minha amante:

Abandono a minha amante,a água.Sorrio no espelho,saio do cabaret desse banheiro,e começo mais um dia...

Diego Costa Almeida