Tuesday, October 23, 2007
Funeral Blues, de W.H. Auden
W.H. Auden (1907-1973), poeta e crítico inglês, foi a grande voz dos jovens intelectuais de esquerda dos anos 30. Sua poesia é sempre perturbadora, seja quando aborda temas sociais e políticos, seja quando fala de assuntos espirituais e de impulsos homossexuais reprimidos. Quando T.S. Eliot, na época editor da Faber & Faber, publicou a primeira coletânea de Auden, Poemas (1930), ele foi imediatamente reconhecido como porta-voz de sua geração. Auden foi amigo de Stephen Spender e Christopher Isherwood, com quem escreveu peças teatrais.
As ideias de Auden mudaram radicalmente com o tempo. Ardente defensor do socialismo e da psicanálise na juventude, na sua fase mais tardia a sua preocupação central passou a ser o Cristianismo e a teologia dos protestantes modernos. Em 1939, Auden mudou-se com Isherwood para a América, onde conheceu seu companheiro Chester Kallman. Com ele, escrevu libretos de ópera, incluindo The rake's progress, para Stravinsky.
O poema Funeral Blues foi escrito por Auden em 1936, como a Canção 9 do livro Twelve songs, e costuma ser citado como expressão exemplar de um forte sentimento de perda e de luto, individual ou coletivo. Representativo do controle extraordinário do verso e da habilidade na manipulação da métrica do autor, o poema ganhou popularidade internacional no filme Quatro Casamentos e um Funeral , numa cena em que o personagem Matthew homenageia seu companheiro morto. Funeral Blues foi musicado por Benjamin Britten. Segue o original e algums traduções, que mostram como é difícil o desafio de se traduzir bem boa poesia.
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
April 1936
Para activar as legendas em português use o botão no canto inferior direito.
Poema de W. H. Auden (1938), recitado no filme "Quatro casamentos e um funeral".
Funeral Blues
Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.
Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: enganei-me.
Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.
(tradução de Maria de Lourdes Guimarães)
Bônus: Trilha sonora do filme Quatro Casamentos e um Funeral
Poema de W. H. Auden (1938), recitado no filme "Quatro casamentos e um funeral".
De todas as traduções disponíveis, infelizmente não encontrei a tradução do poema da versão dublada do filme que é belíssima (só quem assistir o filme dublado verá),entretanto escolhi essa das demais traduções tiradas desse blog Máquina de Escrever
Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.
Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: enganei-me.
Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.
(tradução de Maria de Lourdes Guimarães)
Bônus: Trilha sonora do filme Quatro Casamentos e um Funeral
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