Pesquisar este blog

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cisne Negro


"- Onde está minha doce menina?"
"-Ela se foi..."
Natalie Portman, Black Swan, 2010.
 
Uma mulher se jogou do sétimo andar da minha faculdade numa manhã sem graça e semi nublada de segunda-feira, cisne negro.Foi Hoje.Eu estava só.Lembrei de você, cisne negro e entrei na universidade com o rosto para baixo.
Estava tudo lá,como sempre esteve: a ambulância do SAMU,os comentários estúpidos, a boca miúda espalhando os destroços da dignidade alheia. Professores tecendo considerações Pós-modernas, alunos de DA.Na noite anterior de domingo, eu dediquei minha monografia a um húngaro voador, na segunda-feira um cisne negro bateu suas asas sobre o céu nublado de Recife.
E alcançou o céu de concreto,e como Ícaro,contemplou perplexo o céu da dor,antes de cair no abismo da solidão.Ou será que já teria caído antes?
Entenda,eu não sou aquele que liga a máquina, cisne negro,nem aquele que controla seu resultado final.Sou simplesmente o menino fascinado e estupefacto com o funcionamento das engrenagens, que funcionam espiraladas caóticamente como caracóis.
O seu nome é Aline,tem logos cabelos negros,era linda e faz design no Centro de Artes e Comunicação-CAC.Comia Yakissoba,era alegre, festiva.E isso é tudo que sei.Mas,podia se chamar Maria, José, João, Diego, que daria na mesma os resultados.O fato de ter sobrevivido não significa que esteja viva.Apenas que respira por um momento.O suficiente para dizer a si mesma que,caminha,come,bebe,regurgita,escreve,defeca e sente vontade de morrer a cada dia que o sol se põe no horizonte.
No domingo,depois de muito tempo,conversamos?Não,não conversamos.E confesso que não entendi absolutamente nada.O mundo anda tão confuso que é difícil decifrar,cisne negro.Hoje meninas se jogam do sétimo andar,hoje meninas escrevem em seu blog falando que irão me deixar, hoje...
Hoje eu não sei. As asas negras do cisne voam longe demais.Elas me dizem que, de um modo doentio, eu me tornei o espelho da besta. O cisne negro, o pássaro monstruoso e belo que atormenta os sonhos.O passado vivo na forma de máscaras de cera.Porém eu não pedi para ser isso.
Eu sei o que dirás.E sei de uma coisa.Entenda, eu não sei explicar.Te quero bem,e espero que sejas feliz cisne negro.E sim,estou livre.Tão livre que tenho a liberdade de escolher meu caminho.Esqueces que,antes de me conhecer, eu já peregrinava sozinho por aí. A diferença é que me ensinaste a vida.Sinto sim sua falta, e sim sinto falta da menina que se foi.Acredite ou não,ela está aí,dentro mesmo que você não creia nisso,cisne negro.Está como uma crisálida, e só retornará espontaneamente, quando uma borboleta despertar, ou o lago congelado do inverno se aquecer,cisne negro.Sinto tristeza, sinto solidão,sinto medo, cisne negro. Porque o mundo é um moinho que tritura nossos sonhos.
E a vida parece tão triste,que costumeiramente, nos sentimos cansados e declaramos o fim.Eu sei disso cisne negro, pois estive nesse mesmo lugar.E por isso que te peço, que continue lutando.Não contra o que de bom tens, mas contra aquilo que te faz querer ser só.Pois não será isso que te trará a felicidade.Será a liberdade. E essa só terás se tiveres paciência contigo mesma,se perdoar,se permitir.Não tenho fórmulas facéis,e só eu e poucas pessoas no mundo sabem o que é isso.
Quero antes d etudo que, seu caminho seja em paz.Só isso,cisne negro.






Nenhum comentário:

Postar um comentário