Há três homens na vida de uma única mulher.Há três reis magos numa única fábula.Desses,apenas vislumbrei um,odiei outro e redescobri de novo.Todos fazem parte do amor de uma única mulher,que não se divide,mas que já se sentiu mais de uma vez dividida.
Um era peregrino, só ouvia de sua presença,mas nunca o via.O vi apenas uma vez, como um cometa de abril.Era silencioso, estranho a mim, o julguei frio e mal.Nunca nos entendemos, mas ele a seu modo,creio eu, amou a mesma coisa que outros tanto amaram.Debaixo do frio da geleira, batia um coração no peregrino,que nunca ficava muito tempo num mesmo lugar.
O outro veio do sul, como estrela do mar.E encantada, muito cativou a menina.Ela brilhava como lua,reluzia como dia.Amou cada vez que a estrela lhe sorria.Até chorar.E chorou de amor,mas ainda que fosse de tristeza, ela jamais se arrependeu,da estrela que um dia foi seu guia.
Do lobo,não sei tanto. Uma chama, um incêndio.Um carma.Seria tudo isso?Sei que estranhamente, ela retorna e se afasta,como numa valsa ou um tango,destinado sempre a se manter pertos e distantes, como sol e lua.Seriam extremos?
Não sei,a menina dos três reis,nunca me contou.Ela guarda em segredo, na forma de cartas, lembranças e testamentos, tudo o que um dia, o peregrino , a estrela do mar e o lobo lhe deixaram.E um coração,que só a ela pertence.
Diego Costa
Foi um dos textos mais lindos e cativantes que li. Simples , mas de tal maneira profundo que embora (in) compreensível a alguns que desconhecem o contexto, ainda assim sua ludicidade é visível e perceptível
ResponderExcluirSinceramente , amei
"Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem".
ResponderExcluirMario Quintana - A vaca e o hipogrifo