Decifra-me ou te devoro.
A esfínge para Édipo, Édipo Rei.
Hoje, quinta-feira, cheguei correndo, atrasadérrimo, como de costume, a minha psicológa, a sempre bela e perspicaz senhorita Sabinni Mesquita. Estava atrasado: Meu horário é de 12:30 até 13:30, e como sempre estava muito atrasado.Tenho problemas sérios em ser pontual. Chegando ao consultório,só me restava meros 15 min para falar toda uma multidão de sentimentos que desde a semana passada mexeram comigo. E não tinha sido pouca coisa.
Tive pouco tempo, para falar tudo.E nesse turbilhão, falei da situação atual com meus amigos. Eles tem me preocupado bastante, mas, por causa do tempo tive que resumir, o que ficou talvez como uma imagem apressada de um problema menor,o que não é, enão corresponde, a verdade. Em seguida falei a ela,sobre o reencontro com uma pessoa.
Então ela séria, senhora dos seus encantadores olhos negros, a sabina que não foi raptada, me questiona,como toda psicológa mulher ama fazer: Você acha que não está se envolvendo de novo?Você acha que existe "inocência" de sua parte inconsciente nisso tudo?
E meu castelo de cartas desaba...E então, volto pra casa, após o inglês, querendo escrever nas calçadas, nas madrugadas, nas cartas, nas letras, tudo isso que a mente não consegue processar. Leio blogs, encontro as mensagens de sempre, e em mim as mesmas reações resignificadas na dúvida: será que ela sabe o que é isso?
Ás vezes,por que nós dizemos que nos tornamos "apenas" amigos, como se essa condição fosse menor que a situação de amantes ou namorados? E se ainda escuto em cada página, letras de forma e fotos os ecos de setembro que gritam como uma multidão de harpias em mim? Foi tanto tempo errando, rasbiscando a calçada com esse giz de sangue.Estando na escuridão,quando eu era apenas um menino do brejo da cruz necessitando alimentar-me de luz na estrada.E sempre me perguntava de quem era a culpa do erro.E o erro era de ninguém, só do erro.E claro: Todo mundo sabe que todo questionador no fim de si mesmo, em seu aparelho cognitivo, tem a resposta para si e de si para consigo, de sua questão, e que ele não precisa do objeto nem do referencil respondente para isso. O que o leva da situação de ser passivo a sujeito respondente.Mas,então, por que ele tem medo de estar certo em sua dúvida/respostas?Por que nos sentimos inseguros em nossas relações?
E é madrugada, já passa da 1 da manhã. Meus pais, minha irmã dormem, e eu escrevo.Talvez em português errado,como diria uma menina dividida e distante 93 km daqui.Não me sinto seguro aqui dentro.Não quero rivotril hoje de noite, nem a fluoxetina essa manhã.Ainda prefiro o sabor do vinho de ontem, e ás lágrimas derramadas ao som de Black,do Pearl Jam.Me lembro dela chorando: Como um dia eu posso ter te odiado?
E aquele abraço etilicamente chorado me valeu por mais que uma multidão de beijos, que todos os sexos feitos, que todas as minhas telas pintadas de preto. Tudo estava mudado: Aquele ar que um dia eu provei e respirei, agora haviam mudado de direção. E o que eu ensinei a ela foi simplesmente tudo.Porque eu sei que ela me deu tudo o que podia. E sei que ela terminou o que eu não comecei, e o que ela descobriu, eu aprendi também eu sei. Então,porque eu me vi,escondendo minhas vistas para não chorar?
Eu tirei os óculos.É um costume meu, para enxergar melhor o que sinto.Mas, tenho glaucoma ou qualquer outra coisa devorando a minhas íris, sileciosamente, em cada momento, e estou ficando progressivamente cego para tudo isso. Qual sentido desse rito então?Só sei que segurei a mão dela, e a senti desfalecer, como se buscasse abrigo em mim.Será que misturo as coisas?
Porque eu seria um porto seguro?Eu sou possessivo,inquisidor,machista.Eu sei o mostro que sou, e que se esconde em mim.Que mulher poderia me amar?Esse ser de um século que se foi,sobrevivendo numa era que nunca foi sua. No entanto,apesar de tantas dores que causamos, ela me abraçou e senti como se não houvesse mágoas e rangeres de dente.E em nós dois,não mais havia. Foi verdadeiro.E foi tudo.Não havia mais nada.E tudo era tão claro, seguro e cheio de respostas: Cada amor que você viveu, foi verdadeiro. Toda a oxitocina que te arrepiou a pele nesse momento, foi verdadeira. Sua voz embargada, o acesso nervoso de tosse motivada por um espasmo emocional facilitado pela virose, foram verdadeiros. Por que me enganaria então do que eu senti?
Ao mesmo tempo, aquele mundo não era meu.Não era minha aquela barraca, as poesias, as cartas, as fotos, nada. E ainda assim, ela me disse que me guardava naquele seio direito, no músculo estriado movido a impulsos elétricos independentes. E os meus dedos tocaram sua pele negra,como fosse a última vez,pois não a deixei responder. E ela se calou,e chorou. Dessa vez, eu que a abracei.Tentei racionalizar tudo,mas tudo escapava da minha lógica. E o vinho já não existia ali. O bar já não existia ali,e as horas morriam, como se eu estivesse lendo livros de história.
Então ela séria, senhora dos seus encantadores olhos negros, a sabina que não foi raptada, me questiona,como toda psicológa mulher ama fazer: Você acha que não está se envolvendo de novo?Você acha que existe "inocência" de sua parte inconsciente nisso tudo?
E meu castelo de cartas desaba...E então, volto pra casa, após o inglês, querendo escrever nas calçadas, nas madrugadas, nas cartas, nas letras, tudo isso que a mente não consegue processar. Leio blogs, encontro as mensagens de sempre, e em mim as mesmas reações resignificadas na dúvida: será que ela sabe o que é isso?
Ás vezes,por que nós dizemos que nos tornamos "apenas" amigos, como se essa condição fosse menor que a situação de amantes ou namorados? E se ainda escuto em cada página, letras de forma e fotos os ecos de setembro que gritam como uma multidão de harpias em mim? Foi tanto tempo errando, rasbiscando a calçada com esse giz de sangue.Estando na escuridão,quando eu era apenas um menino do brejo da cruz necessitando alimentar-me de luz na estrada.E sempre me perguntava de quem era a culpa do erro.E o erro era de ninguém, só do erro.E claro: Todo mundo sabe que todo questionador no fim de si mesmo, em seu aparelho cognitivo, tem a resposta para si e de si para consigo, de sua questão, e que ele não precisa do objeto nem do referencil respondente para isso. O que o leva da situação de ser passivo a sujeito respondente.Mas,então, por que ele tem medo de estar certo em sua dúvida/respostas?Por que nos sentimos inseguros em nossas relações?
E é madrugada, já passa da 1 da manhã. Meus pais, minha irmã dormem, e eu escrevo.Talvez em português errado,como diria uma menina dividida e distante 93 km daqui.Não me sinto seguro aqui dentro.Não quero rivotril hoje de noite, nem a fluoxetina essa manhã.Ainda prefiro o sabor do vinho de ontem, e ás lágrimas derramadas ao som de Black,do Pearl Jam.Me lembro dela chorando: Como um dia eu posso ter te odiado?
E aquele abraço etilicamente chorado me valeu por mais que uma multidão de beijos, que todos os sexos feitos, que todas as minhas telas pintadas de preto. Tudo estava mudado: Aquele ar que um dia eu provei e respirei, agora haviam mudado de direção. E o que eu ensinei a ela foi simplesmente tudo.Porque eu sei que ela me deu tudo o que podia. E sei que ela terminou o que eu não comecei, e o que ela descobriu, eu aprendi também eu sei. Então,porque eu me vi,escondendo minhas vistas para não chorar?
Eu tirei os óculos.É um costume meu, para enxergar melhor o que sinto.Mas, tenho glaucoma ou qualquer outra coisa devorando a minhas íris, sileciosamente, em cada momento, e estou ficando progressivamente cego para tudo isso. Qual sentido desse rito então?Só sei que segurei a mão dela, e a senti desfalecer, como se buscasse abrigo em mim.Será que misturo as coisas?
Porque eu seria um porto seguro?Eu sou possessivo,inquisidor,machista.Eu sei o mostro que sou, e que se esconde em mim.Que mulher poderia me amar?Esse ser de um século que se foi,sobrevivendo numa era que nunca foi sua. No entanto,apesar de tantas dores que causamos, ela me abraçou e senti como se não houvesse mágoas e rangeres de dente.E em nós dois,não mais havia. Foi verdadeiro.E foi tudo.Não havia mais nada.E tudo era tão claro, seguro e cheio de respostas: Cada amor que você viveu, foi verdadeiro. Toda a oxitocina que te arrepiou a pele nesse momento, foi verdadeira. Sua voz embargada, o acesso nervoso de tosse motivada por um espasmo emocional facilitado pela virose, foram verdadeiros. Por que me enganaria então do que eu senti?
Ao mesmo tempo, aquele mundo não era meu.Não era minha aquela barraca, as poesias, as cartas, as fotos, nada. E ainda assim, ela me disse que me guardava naquele seio direito, no músculo estriado movido a impulsos elétricos independentes. E os meus dedos tocaram sua pele negra,como fosse a última vez,pois não a deixei responder. E ela se calou,e chorou. Dessa vez, eu que a abracei.Tentei racionalizar tudo,mas tudo escapava da minha lógica. E o vinho já não existia ali. O bar já não existia ali,e as horas morriam, como se eu estivesse lendo livros de história.
É nesse momento, que mais sinto vontade de ser aquele ser que ela disse sentir orgulho, que consegue expressar seus sentimentos, e tirar dali um beijo. E para mim seria tudo,mas a mim era tudo proibido. Catolicamente proibido: Ela tem uma vida, um namoro, despedidas, tudo.Eu tenho meus planos,ansiedades, ambições e sentimentos verdadeiros a seguir. Seria meu direito estragar tudo outra vez?
Se for verdade que meu inconsciente me trai,se for verdade que tudo isso vai além da inocência, que essa amizade não é o que parece, então...
Hoje,eu me faço está, desafiado pelo meu inconsciente e pela minha psicológa:
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