Para uma urca negra, uma canção morena :
Asa Morena , Zizi PossiNo fim da tarde, se vê a Nau Morena retornar a seu porto.Quem te espera navegante negra?O que trazes em tua bagagem?Que escambos fizesse ao longo do dia?
Ela percorreu todo um dia, toda uma viagem, em ônibus vermelhos que raptam seu olhar, e o levam para longe.Ou verdes rio doces, que amargos carregam os dissabores do calendário.Gregorianos, são seus cantos.Seu fone de ouvido a isola, e a comunica como sua bússola.
O que será que canta lá longe essas gaivotas das praias da sé de Olinda?
E te guia essa agulha imantada de sons,mas para onde?Nessas telas frias onde tantas emoções descansaste, a sereia já não canta lá.Entretanto,quando colocas o seu fone nelas, como a menina que coloca a concha no ouvido para sonhar com as marés, escutas os teus sentimentos oceanicos, em músicas de poetas Buarques de Holanda. Valenças e Ramalhos.É o exercício de todo sábado: Fazer mágicas naquela caixa quadrada de imagens e gráficos de raras belezas.Perólas virtuais , que mercadeias como fantasmagorias pós-modernas.A vida toda em belas telas.Tesouros de oceano teia, chamada web design.
A barca desembarca no porto da vida.Essa angra já conheceu tantas tristezas,e tantas poesias. Essa baía chamada caderno, é lá que escondes teus tesouros:Poemas. Não sei quanto delas recitas, mas bêbada dessa alegria já choraste letras.E tantas letras, que poderiam servir de câmbio aos judeus sefarditas de Amsterdã ou Flandres. Ou de Bruxelas.E são tantas caravelas, com velas dançantes.Como nos Galeões de Espanha.São tudo danças flamencas.Aves flamingos.flamengos torcedores.De um tempo, cujo o imaginário rubro veio, tem tons desse vermelho kaliza.Que também é de Holanda. Como o Chico Buarque, o Sérgio Buarque e a Ana ministra.
É uma revolução solar.Um ciclo inteiro de dias. Da lua, já foste lunática. Ela ainda decora sua beleza pública, onde escreves todos os dias, e remete letras de músicas com fotos brancas e pretas.Fotos morenas.E esconde na face escura do satélite natural, um universo singularCuja ressonância das suas ondas, pensam com gravidade as receptoras marés cheias.É lá que mora São Jorge, dono do Castelo da Mina, patrono de Inglaterra, a rainha dos mares, e de Portugal, de El Rei das Índia e de todos os reinos de Ultramar.Foi lá que o dragão repousa, cansado das lutas.
Eu estou apaixonado por uma menina terra.Signo de elemento terra.Do mar se diz terra a vista.Terra,para o pé é firmeza. Terra para a mão, carícia.Outros astros lhe são guias!
Mas, és menina lua, de signo de touro, do tarot das cartas és a louca, te decifras um futuro de possibilidades.Quais?Quantos?Sais?O que te salga esse peixe bacalhau que guardas como ração na forma de pequeno lanches diários de bolachas para suas navegações matinais?
Eu sou o leão de fogo,quem me consumiria?Esses olhos negros, que já fitaram verdes ciumentos jades, hoje param o ritmo na cadência de cinzas azulados de cor bebê. É uma paz que encontra nas navegadas.Nas conversas das janelas.Onde os papagaios trazem alegrias, e dramas como espumas na areia.É doce e amargo mel de irmã, é gostosa a branca Laka.São pretas as flores bordadas em tiaras.Do acre vem queridas amizades. Do Ceará, confissões e sinceridades.Da Bahia, uma imensa felicidade.Do Rio,saudades.De Jardim Brasil,um amor.De Maranguape,seus espaços, pensamentos e verdades.São tantas raras fotografias contendo mensagens. É tantos sapatos na Exótica.É um mês de salários.Um jubilamento de beijos e abraços.Uma faculdade de se querer bem.Um laboratório todo de informática para Mendes.
A Nau toma um vinho,e ele traduz em si todos os pensamentos.Ela bebe a coca-cola que eu paguei,os salgadinhos que eu comprei, e nunca me dá um reembolso.Minto,me dá sim:Tapas,e sorriso.E ás vezes inesperados abraços de meninas, que nem eu sei como se diz.Porque são tudo coisas de meninas morenas como sais.Que são meninas,como os meninos do Brejo da Cruz.E se alimentam de luz.De mar,de poesias...de cais.
São tantos lagos, tantos detalhes,tantas músicas,cada intimidade.É isso que te deixo escrito,a palavra saudade,textos de amizade, e um amor de navio.
Diego Costa
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