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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cáp.III: E melissa decide viver...

Doce.Algodões Doce. Era assim que melissa queria seu último sabor. Rosas como as flores do seu blog,em que confessa seus segredos a leitores sem segredos (que segredos guardava?) . Ou branco como as nuvens do vento sudoeste vindas do Atlântico para o sertão, e secas sem chuva, como nos cásulos de bicho da seda. Como ano novo bom, pisando nas areias da praia a noite com fogos de artifício em cima de suas cabeças, banhos de cheiro e oferendas a Iemanjá,senhora das águas do Mar. Mar, que vem da palavra latina More, que significa, Morte. Ou como a cor da morte, branca, no Oriente. Ela anda pela cidade, anda por entre jardins que só ela vê.Quer se encontrar com seu parapeito maternal escolhido nos mercadinhos da fúnebre conveniência.O doce para mim lembra a diabetes, hiperglicemia, obesidade, a morte. A ela, um devaneio, uma alegria insana, a morte.
Então fernanda trás uma caixa de Pandora, e abre na sua frente saindo todas as pragas humanas.Ficou apenas a esperança: 21 cartas marcadas de tarot.O tarot como a vida, é um conjunto de signos aleatórios, dos quais nem sempre o significado é claro para quem os lê. É preciso muita episteme, muita economia de signos, de sinais. E nanda derrama mel em cada uma das cartas escritas, desconhecidas, até mesmo para ela.O mel vai cobrindo as missivas, e em seu derramamento, se deixa lentamente engrossar o caldo de cada palavra, cada frase, cada gesto. Se derrama e se espalha em si mesma.Como ás lágrimas...
Lágrimas que ela derrama na hora da vígilia, madrugada adentro. Longe, muito longe de casa.Como o filho pródigo, das parábolas.A decisão tomada,os preparativos prontos, a festa esperada, como cancelar os compromissos assumidos com a funesta dama? Deus saiu a semear, e ao anjo ceifador, deixou o trabalho da colheita.E ele foi ceifar.Foi assim desde a medieval era, e até antes dela, quando o tempo, mais antigo ainda, era contado pelas colheitas que fazíamos nas vindimas da vida.Como o trigo, o milho, o arroz, o sorgo, o centeio, a aveia e a cevada.Eram as pessoas colhidas dentro de cada safra,algumas sempre querendo serem ceifadas antes que as outras plantas,ou frutas, ou pessoas.Esses são os suicídas, plantas verdes que se deixam ceifar antes da hora certa.E por que esperar a hora se você já viu tudo sendo semente?
Era assim para mel, a vida já havia lhe mostrado tudo.Ainda como semente.No entanto, algumas sementes demoram milênios,congeladas em glaciações para germinar e florecer.Dar frutos.Melissa escreve, seus conflitos a mostra.O algodão doce fica amargo e ela joga fora.Se derrame mel!E ela se permite espalhar,cobrindo cada sentimento em longas frases,e em belas palavras.E na grande nuvem virtual,todos aqueles que lêem suas palavras sentem o mel se derramando em suas almas.E chora com ela...
Eu chorei,como eu chorei!Abraçei aquela que eu odiei ter amado,e chorei com ela toda a tarde daquele dia.Chorei cada mágoa.Cada palavra ferida.Cada mal que eu fiz, cada despedida.Pedi perdão a zoltan.A políana.A thaís.A meus amigos,minha família.Ela então me olhou,seus olhos negros lunares luminosos como sol.Aquele brilho,retornou,os olhos que eu amava me fitavam. Mas eram diferentes de outrora, porque sabia que aquele coração não me pertencia (me pertenceu?), eram olhos de amiga. Não havia desejo ou mágoa, havia apenas amor puro, alegria.Se ela me amou nesse ato,não sei dizer,mas,a amei, e sentir o amor entrar nas minhas ressequidas veias.E me dizia com simples sabedoria:Sai da escurdião da caverna lobo, desse coração das trevas,você envelheceu demais com suas mágoas.Abandona a solidão,procura tua matilha.Você não teve culpa de nada.Melissa lhe deu a chave, Deus abriu a porta,e o campo lá fora te espera.Sinta o calor do sol, a leve chuva, o farfalhar das plantas,o sal do mar.Não tenha medo de ir lá fora brincar e descobrir a vida.De novo.O inverno acabou,e com ele toda dor que você acumulava.É o Fim da Idade das Trevas, da Era do Gelo.É Primavera, outra vez.
Olho para ela, a minha metralhadora cheia de mágoas desarmada.Acabou.Me sinto livre.Leve.Só havia ar comprimido nos condicionadores de ar.Pessoas a digitar, a nos virtualmente ignorar.E choravamos como crianças.Senti amor,senti vontade de a beijar.Ela me toca, e sinto todo mal se esvaziar,e sorri.També a desejo tocar, até para aquele coração novo sentir, aprender e o tempo perdido recuperar.Mas,ela estava em outro nível,que ainda não posso alcançar.Ela há pouco havia respondido as suas próprias perguntas,e tinha começado a caminhada.Seu coração agora tinha dono e amava outro lugar, bem longe de casa.Outros amores, outros sabores, mesmo distante, sempre a esperar.Até quando?Não sei mas ela vai assim mesmo,sem medo de errar.E seria preciso um mais que um ENEH ou um Rio de Janeiro inteiro para atravessar o mar e alcança-lá.Não,não era isso que eu deveria fazer agora,pois nem posso fazer o mesmo.Eu deveria me amar.Para poder amar o próximo, e poder andar.Seguir o meu rumo, como a melissa, cujo mel a vida me adoçava.
Não enterrei nenhum irmão morto, nem chorei de tristeza e apatia a partida. Thaís vai embora um dia,atravessar o mar.Como nas grandes navegações, algumas naus iam, para jamais voltar.Só ficavam lá, as esposas a chorarem seus maridos no salgado chorar.E de quantas lágrimas dessa saudade,desse mal, pertenceram a Portugal?Incontáveis de certo. Mas, seus maridos nem por isso deixavam de cruzar o oceano, amar outras mulheres, indígenas sereias, a tentar a vida nem que seja para naufragar.Não se dobra a Boa Esperança sem passar pelo Cabo das Tormentas.Só assim se chega a carreira das Índias, e se colhe os sabores de novas experiências. Ou se descobre um Novo Mundo, inóspito, de si mesmo. E assim novas rotas são cruzadas todo dia, surgem Portos Seguros,Pernambucos e...BAHIAS!
Eu sou uma angra insegura para um dia se voltar.Uma angra sem trono ou reis.Ela disse: Algum dia eu vou voltar.Como voltará?Não sei,mas, não esperarei nas docas de Lisboa um regresso que dias irá demorar.Se retornar.Farei uma nova forma, uma nova vida.Por mim, e não por ela chegar.Ser o Homem que sonhei ser para mim mesmo.Senhor de mim, de meus impulsos, capaz de amar sem oprimir ou sonhos matar. Me tornarei um Porto Seguro para um dia se retornar. Para qualquer alguém que eu decide amar, e ser amado.E cheio de experiências a dividir,quem sabe se eu a convidar, sentar e conversar tomando uma boa bebida, toda essa nova fase de nossas vidas,poderemos conversar... e então veremos como nos tornamos adultos e...Quem sabe?...
Eu não sei.Nem ela sabe.Nem ninguém saberá.Por isso, a partir de sempre, vivo a partir do presente, sem um passado como justificativa para meus atos. Foi uma longa corrente de 21 cartas que Fernanda fez de Campina Grande até cá. Kakah, ajudou-a a traçar e a rosimário a reforçar os nós. Rosana provocou, Frida pintou o quadro e foi de última hora puxar. Vanessa deu os gritos de ordem, típicas de chefinha,e toda uma torcida se fez como nos cabos de guerra, só que ao contrário destes, esse era de Paz. Meus amigos deram as coordenadas, minha família me esperava. Melissa pegou a chave do fim da corrente e com seu doce sorriso, abriu a porta para Deus entrar. E lá dentro, Jesus me chamava para ir lá fora, enquanto Thaís esperava para um abraço me dar. E eu,Diego Costa Almeida, perto de 23 primaveras, 10 anos de depressões, tentativas de se matar, quatro anos de terapia, Gardenais, Rivotrils e Fluoxetinas...decide a porta cruzar.
E tudo isso porque, no dia em que Imaginemos John Lennon fazer 70 anos de vida, que a prostituta pecadora se fez Santa Thaís (com gosto de Laka na boca, após comer coxinha e beber Fanta Laranja), que Vivi vive! Que minha querida Ivila chorou no Maranhão sem ao menos fazer idéia de quem era essa tal de Melissa, Vanessa me desejou bem, eu fui feliz. E até meu blog mudou de estilo (só ainda postar vídeos eu não consigo¬¬¬, alguém me ensina?)! Percebram?Culpa daquele calo, da rampeira, como diria mamãe (do qual agradeço desde já o trabalho feito)...
E Nanda havia feito 21 cartas desconhecidas, para salvar uma amiga, que salvou a minha vida. Parabéns pelos seus 20 anos de VIDA DE MEL!
Te espero em Pernambuco, no dia 26 de outubro, para meu presente de aniversário eu receber:O seu abraço.

Obrigado a todos e especialmente:
...por você existir e por tudo que você é para mim.
Obrigado,Melissa.
Diego Costa Almeida.


E mellissa Decide Viver (By: Mel For Diego)

Algodões doces. Nuvens derretendo na boca. De preferencia rosa ou azul. O ultimo sabor
Com tanta coisa pra escolher porque justamente esse? Poderia ser chocolate com pimenta, bala de iogurte, quebra queixo, picolé de morango, quindim,... Mas esses não eram proibidos na sua infância. O algodão sim. Ate na morte queria transgredir.

Confessar segredos? Que segredos? Espalhados numa rede virtual segredos não existiam, não para mim. Poderiam me acusar de tudo. Menos de não ter dado avisos prévios. A excitação do plano tinha que ser compartilhada. A alegria. O doce. Lembra-me devaneio. Lembra-me caio Fernando de Abreu. “Que seja Doce”. A morte.
Fernanda. Inicialmente um contato de uma lista de msn. Depois? Confidente. Amiga. Irmã.
Um envelope. Amarelo. O que continha? Seis horas. Seis e meia uma comemoração. A véspera não poderia ser mais perfeita. Família reunida. A curiosidade era maior. Quero ler o que contem essas cartas. Obrigação. Era necessário estar presente no evento e mais uma vez Alice se vê dividida. Que caminho seguir? Corre Mellissa.
Mel. Derramado em cada missiva. Olhei por cima. Espiei. Não é o momento. O coelho me chama. O telefone toca. Minha mãe reclamando do atraso. Guardo as cartas. Protejo-as de mim mesma. Terei coragem de ler. Parecia conhecer que aqueles papéis portavam algo que traria uma mudança. E eu não queria mudar. Eu sou determinada, decidida. Bipolar.
Risos, bolo e guaraná. Casamento do meu irmão. Doces. Fartura. Mesmo assim o pensamento na lua. Ou seria nas cartas?
Madrugada. Insônia. Coração acelerado, falta de ar. Cartas. Lagrimas. Uma a uma.
Meu tormento? Como cancelar os compromissos com a funesta dama? Achava injusto com ela ter passado uma semana esperando que viesse ceifar e justo no dia combinado retroceder.
Covarde isso viu? Deixar na expectativa. Menina má. E porque esperar?Você sabe a sucessão de seus dias. Lagrimas. Sofrimentos. Dor. Acabe com isso. Vozes na cabeça.
Estou louca. Meu texto de despedida.
Não sei por onde começar. Talvez dizendo, ok amigos vocês tentaram eu agradeço, mas me sinto feliz morrendo, entendam isso, beijos doces da mel. Trágico.
Vocês não têm culpa. Eu que escolhi, fiquem felizes por mim meus amores.
Sinto decepciona-los, mas prefiro não decepcionar a morte. Ela passou uma semana cheia de expectativas não posso desaponta-la.
[...] o vazio
Nada vinha. Mas persistente insisti em destilar palavras. O inicio. A decisão. O caminho. O fim. Tracei tudo. Lagrimas lavavam o meu rosto. Eram as ultimas horas. Por que eu escolhi que fossem as ultimas. Olhava as cartas. Olhava a tela. Olhava para aquele diário. Sim. Abandonado em agosto. Quando foi que começou mesmo? Março.
Ah, tinha voltado de uma internação. Paralisia dos rins. Uso de cinco caixas de antidepressivos.
O que você disse mesmo naquele dia? Naqueles dias onde sondas te machucavam e você não conseguia dominar o maxilar? Vamos, leia mais uma vez. Exorcize seus demônios. Você já decidiu não foi? Não vai te fazer mal uma leitura a mais. Cartas. Meu diário. Um e outro. Ambos. Juntos. Uma guinada. Mais palavras. Antes mesmo de chegar ao fim eu sabia qual seria a decisão.
93 km daqui. Outra vida. Outras vidas. Perdão. Lagrimas. Emoção. Tudo se misturava.
Eu não estava presente. Mas sinto uma pequena partícula do que pode ter sido. Duas pessoas que saiam da escuridão. É o fim de uma era. É uma nova estação. Renasça. Saia da caverna que você habitou tanto tempo. A nossa metralhadora está completamente desarmada.
Livre. Leve. Amando a si mesmo. Galgando degrau por degrau. Sem atalhos. Adoçando a vida.
Não se dobra a Boa Esperança sem passar pelo Cabo das Tormentas. Aprendi. Aprendemos. Nós dois. E assim se chega ao novo mundo.
Um porto. Seguro? Decerto que não sei. Quem irá embarcar pra ir embora? Quem irá chegar? Mas o mais importante: Quem irá ficar?
Não sei. Importa mesmo? Conhecer o “destino” sem aproveitar a viagem?
Tornar-nos adultos. Será? [...]
Não sei. Você não sabe. Não sabemos. Ninguém sabe. Carpe diem. O presente me espera.
“Foi uma longa corrente de 21 cartas que Fernanda fez de Campina Grande até cá. Kakah ajudou-a a traçar e a Rosimario a reforçar os nós. Rosana provocou, Frida pintou o quadro e foi de última hora puxar. Vanessa deu os gritos de ordem, típicas de chefinha, e toda uma torcida se fez como nos cabos de guerra, só que ao contrário destes, esse era de Paz.”
Não havia ninguém para me abraçar. E eu, Victoria Mellissa da silva Sousa, 20 primaveras, 12 anos de depressões, tentativas de se matar, 15 anos de terapia. Lexotam, carbolituim, valium somalium, lorax, pondera, etc. decidi cruzar a porta.
Não foram passos que foram dados. Foi uma longa caminhada. E eu Sobrevivi. Nós Sobrevivemos.
E agora nós VIVEMOS!

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