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segunda-feira, 9 de julho de 2012

GAIO IULIUS CAESER

23.Foi exatamente essa conta,nem mais,nem menos que isso.Apenas uma só bem dada,temperada de ódio bastava.Mas, era necessário mais para entrar na história e tornar um ser humano comum,num desses ícones de orgulho da cultura ocidental. Saiu da vida para entrar na história, saiu da humanidade para erguer-se em martír de um sonho, de um ideal.Muito maior do que a pequena e acanhada Res publica do monte palatino ao qual dizia representar, superior aos mesquinhos interesses assassinos do corrupto Senado que viriam lhe matar, mais sedutor que os olhos da egípcia amante que resguardava para si.Esse era o seu nome e orgulho:Gaio Iulius Caeser.
Caeser.Kaiser.Czar. Foram alguns nomes de quem se arvorou de um sonho, de uma idéia, para dela se tornar imortal.Foi preciso um assassinato,para que tantos nomes,além dos já conhecidos e citados anteriormente, surgissem. Necessário que houvesse os idos de março.Que eles viessem.E que passassem,no encontro do orgulho contra o destino.Fortuna, a deusa da sorte e do caos dos latinos era bem vóluvel,no entanto, ao seu preferido,nunca deixou de avisá-lo sobre os riscos ao qual se aventurava.Ele,como orgulhoso menino,ignorou a todos.Via,vinha e vencia.Atravessava um rio Rubicão de medos e expectativas,e conquistava uma cidadela romana dia após dia, guerra após guerra, pão após pão,ditadura após ditadura.Mesmo assim,não era o bastante para ele ser feliz.
Era um dia de sol.Era um dia de glória.E foi de repente,tão de repente,quanto o término de um sonho tão bom.Quanto o fim de seis anos de amor.Quanto o fim de seis meses de paixão.Nas ruas ainda cheias de poeira e lama, que sujavam a barra branca do seu manto,escudado por uma peça vermelha a atravessar latitudinalmente seu corpo caucasiano e queimado de anos de mediterrânicos sóis,ele, tal como a águia dourada que simbolizava a sua urbe e exército, andava aquele senhor de menos de 60 anos mas precocemente calvo e envelhecido pelas glórias que sua cabeça sustentava na forma de uma coroa de louros dourada,tal como os antigos campeões da Antiga Hélade Mítica,dominada agora por seu Imperium, como sempre fez: Face erguida,olhos fortes e magnéticos,acompanhados das aclamações populares de "Ave Caeser!".
Foi então que de repente, ele foi lembrado de que era humano,demasiado humano.Nunca saberemos o que ia no coração do homem que tão pouco deixou-se dominar.Certo,jamais se dominou.Anseava dominar,ter,possuir.Amar.Foi assim,que mesmo casado, enamorava-se abertamente de uma rainha africana cuja beleza permanece um mistério aos ocidentes.Foi assim,que contraditoriamente,mesmo com o escândalo invadindo sua casa,dizia a sua esposa "Não basta a mulher de César ser honesta,ela tem que parecer honesta". E assim,no humilhante silêncio,a mulher de César se calava. Era dessa forma que mesmo sem filhos,adotara como seu Brutus e Gaio Otavianus, o primeiro adotivo e o segundo sobrinho.. Submetia Senado e Marcus Antonius. E foi dessa forma,que ele descobriu que havia Deus.Ou deuses.Melhor dizer,destino.Em outras palavras,a morte.
Não seria diferente que fosse assim: Haveria de ser uma mulher, apenas esse sexo tido como frágil, a responsável a lembrar de que tudo que é sólido se desmancha no ar, como diria muitos séculos depois um judeu de nome Karl Marx.Do seu passado,não se sabe nada a respeito de tal mulher.Apenas foi mais uma figurante da imensa fila de seres humanos que a História dita oficial não registrou.Entre aqueles humanos no qual anjo da História Clio não conseguiu salvar, coube a ela a responsabilidade de matar Caeser.
Nas escadarias do Senado,feitas de mármore branco,ela surge e interronpendo a marcha do orgulho em pessoa prediz:"-Os idos de março passarão!". Ao mesmo tempo,ele,Gaio Iulius Ceaser, senhor de si mesmo, acostumado a submeter deuses,homens e terras.A jamais ceder, nem ao amor, nem ao ódio, responde na mesma e direta forma que o caracterizou.Talvez sem baixar seu olhar,talvez a penetrando os olhos da vestal com sua face de águia dourada,responde:"-Entretanto,eles ainda não passaram!".E assim,um dialogo que não deve ter durado mais do que dois minutos se encerrou para sempre.E Ceaser foi ao matadouro.
Entrando,sentara-se no trono em que sempre esteve, no centro,com o universo de orgulhos ao seu redor. Como o sol,sozinho na imensidão de homens.Um senador se levanta e propõem uma questão de cunho pessoal,ao qual recebe a negativa.Era o sinal daqueles que buscavam salvar Roma de seu destino.Então Brutus,o filho adotivo se levanta e se aproxima de seu pai.O abraça,e com o amor,o apunhala pelas costas.A sua surpresa,a sua dor, ficaria eternizadas na singela frase de pai a quem viu o amor morrer em um único golpe:"-Até tu Brutus,até tu me traistes!".
O primeiro golpe foi o que doeu mais.Creio nisso,pois os 22 restantes já deveriam ser esperados.Enquanto ele era apunhalado pelos homens que diziam representar o povo,que deviam salvar o povo,ele apenas teve o vislumbre,se tiver tido,daquele exato momento,que ele foi avisado de que se continuasse por aquele caminho,em algum momento,seria abandonado por todos,e apunhalado pelas costas.Justamente,pelas mãos de quem mais amou.Pelas costas,a lâmina do amor,tirou o véu cegante do seu orgulho e revelou o homem.
Agora,é apenas mais um corpo estendido ao chão.Em seus funerais,a plebe revoltada fará do seu jeito a pira funerária ao homem que era o rosto de Roma.Assim,ele seria eternizado pelo povo ao qual mal via como objeto de manipulação,e que no entanto lhe votava sincero..amor. Dos fatos futuros,deixemos Marcus Antonius e Gaiu Otavianus cuidarem entre si. Em julho,mês criado por Otavianus Augustus, primeiro ceaser do Império Romano,em homenagem ao seu tio,fica a mensagem escrita no tempo e nos punhais para o ditador e general romano:

O seu Orgulho,por maior que seja, um dia será assassinado pelo seu maior Amor.

Ave Caeser!

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