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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Os anjos amaram?, por Rivaldo Paiva


"A invenção da tradição, expressão,segundo Peter Burke, criada pelos cafundós dos anos 80 por Eric Hobsbawn, enfatiza a ação da liberdade humana contra as restrições da sociedade . (...)


...Evidente que as opiniões de quem quer que as emitam sofrem da ambiguidades típicas de todos quanto as interpretem - um servomecanismo,uma existência de dois ou mais estados de equilíbrio.
Se nem todo sermão vem do bom ladrão - de consciência, é claro - as rosas, com todo seu encanto, tonalizam o vermelho da paixão.
Ah, se toda beleza pusesse a mesa e conhecêssemos a principal faceta da mulher - ninfas virgens do sol-, e respeitássemos as promessas descumprindas em razão da lógica, com frequência dogmática, e encarássemos as colocações morais e estéticas.
O problema é que, quando opinamos sobre algo, concreto ou divagante, inexplicavelmente buscamos os ramos originais da filosofia que mal compreedemos. O inefável, porém, é mais importante do que o dizível, já que a linguagem, tal apregoa Giannoti, humilhada dentro dos seus limites, obrigada a só falar do mundo. dos fatos, termina por abir o abismo místico, em que a moralidade e a beleza se situam.
Felizmente, nem todas as rosas de Hiroshima tornaram-se cancerosas, nem os escombros de Jenin e ações suicidas de terroristas subumanos destroçaram as mentes brilhantes do mundo civilizado em favor da paz e do respeito, tampouco todas as opiniões podem ser amordaçadas por liliputianas e histéricas manifestações de pouquíssimos encarapuçados pela soberba puída de discernimentos. As posturas não devem ser fixas para nenhuma divergência, sequer automatizar-se aos recentes acontecimentos belicistas lamentáveis no Oriente Médio entre povos da mesma cepa- e que não fossem-, transformando-os em meras ocorrências que se perderão nas brumas das lendas incidentais.
Assim como se aprende a distinguir o pato da lebre por um simples desenho, as posições opiniosas necessitam de compreensão. Mesmo que filosoficamente incompreendidas, se pode constestar, por exemplo, a primazia da França na formação da filosofia iluminista em detrimento da influência que Montesquieu e Voltaire sofreram dos ingleses John Locke e David Hume - nem por isso declararam-se, os dois estados, em guerra milenar pelas teses abraçadas em coliseus culturais. Ninguém pode ser devoto da cor ou de um segmento relisioso sem uma ideologia de independência negociada ao respeito mútuo, mas precisamente sem qualquer violência albergada. Quase todos os povos do mundo são algemados a caldeamentos étnicos- gratos ou não, pouco importa-, consequentemente, os direitos de união pela paz entre eles passam por contraditórios normais e essenciais ao equilíbrio da liberdade sem libertinagem.
Os anjos, dizem os filósofos e pensadores, não têm sexo,mas se amaram? E se amam tanto quanto os seres humanos têm o direito de se amar, sem quaisquer preconceitos de raça, costume ou credo, tal como de se incomodarem com as hostis ilações difamatórias a eles assacadas quando se aliam ao prazer de viver.
Os anjos do bem e do mal també se respeitam, e se amam.
Vadete retro, satãs!...".

Rivaldo Paiva é escritor.

Sessão "Últimas Palavras", revista Continente:Multicultural, Ano II,nº 18,Junho/2002,CEPE Editora,p.96.

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