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terça-feira, 5 de abril de 2011

Incêndio. O teu incêndio (sim,eu sou daqui), por Thaís Soledade.

Estou aqui, parado olhando o incêndio
Do alto do prédio, os rolos de fumaça

Estou aqui.
Vejo uma alma se desmoronar diante dos meus olhos. Chorar. Ameaçar bater a cabeça na coluna, e eu coloquei a minha mão nas costas dela para que, ao bater, ele me macchucasse, mas não se machucasse. Gritasse como um biicho ferido.
Vendo o fogo do desespero tomar os seus olhos, seus pensamentos, sua alma.
E o que posso dizer?
E o que posso fazer?
Ele sangra...
...Sangra as mesmas feridas que um dia eu causei, mas vindas de alguém que nunca antes o fizera. Um alguém que eu sentia, outrora, inveja. Um alguém que tentou colocar, sob o título de "ser homem", grilhões no lado mais sinistro deste ser, no lado mais humano, no lado que ainda sabe chorar.
Um lado que eu admiro, e muito.


Vejo da janela dos meus olhos
Na cidade magoada a usina de sonhos tão parada

Eu vejo.
Eu vejo e ouço cada parte de uma história dele. Que começou tão triste, e que graças a este e outros amigos, começou a fazer sentido. Mesmo quando ele não parecia ter nada, ele os tinha.
Eu sei o que ele passa.Eu queria ter tido aquilo... Mas não fazia parte de mim, nunca o fez.
Eu choro, pois a dor dele me pertuba.
Toco o seu peito, e choro.
Mas, choro por tudo o que não vivi e não vi, por histórias que só sei de ouvir falar... O que sou eu, diante deste ser que toco? O que faz com que, acima de todas as tormentas, estejamos perto um do outro?
 

Entendo o fogo porque sou daqui
E estas paredes porque sou daqui
E os meus amigos porque sou daqui
E os meus perigos porque sou daqui

Eu entendo.
Eu sou daqui.
Eu faço parte das labaredas que te consomem.
Eu me aproximo delas.
Suas palavras: "Quem brinca com fogo, pode se queimar!". Eu não brinco, eu sou daqui. Faço parte dessa chama, é dela onde me alimento para tornar a voar.
Os líquidos amores apenas me fazem parar e cair. As chamas me tocam quando atinjo o chão.
"Bem-vinda ao Inferno! Mande minhas lembranças ao Diabo!"
Meu problema, é que preciso cair ao inferno para poder voltar. Não foi a primeira vez, não será a última. Como as asas da mitológica Fênix. Como o Ikki e a sua armadura de bronze; como tudo, eu preciso morrer para poder retornar e seguir.
E sempre morrerei nas chamas. E sempre voltarei.
Eu entendo as paredes que ardem. São as paredes de um corpo humano. Que amei. Que amo. Que nunca pude amar da forma que me foi oferecido. Que nunca precisei falar para poder assumir. Que jamais permiti que fosse aberto em palavras, postagens, pessoas. Que sempre veio atrás de fúrias, constrangimentos, mágoas. Que sempre sangrou. Que hoje não sei mais o que é: Uma droga? Um carma? Um sentimento?
Eu sou dessas paredes.
Eu entendo os amigos, os que cercam. E são muitos. E respeito. Às vezes, odeio. Sei que nunca serei mais do que uma menina vulgar, uma vagabunda, para os que te cercam. Assim como não sairás da pecha de "psicopata" para a maioria dos que me amam. Assim como somos bizarros para grande parte da hipócrita sociedade que se oculta na torre suicida, nas salas onde se fuma maconha e se criam bebidas para viagens. E se montam reuniões para sondarem possíveis aliados ou possíveis rivais. Eu sei que nada seremos, aos outros, do que palavras depreciativas ou desprezo. Apenas nas almas que nos tocaram, juntos, sabemos que somos alguma coisa.
Eu sou esses amigos.
Eu entendo os perigos. De existir, de viver, de ser humilhaado em salas, de amar sem ser amado, de não ser entendido, de me perder em subterfúrgios, de me jogar em desafios jamais decretados. Assim como se sentisses desafiado por um amigo em matéria de livros, eu me sinto desafiada em matéria de música. Eu sugo, eu busco, eu conheço. Eu seleciono, e crio novas esferas de mim a cada novo conjunto de acordes e letras ouvido. Por isso, ouço que sou uma "enciclopedia musical". Por isso, não te podes negar a "inteligência e o fôlego academicista". Eu entendo cada parte de sua  história; porque, em menor escala, vivi cada parte. Cada dor, cada perda. Cada desejo de morrer.
Eu sou esses perigos, eu sou daqui.


Eu sei quem acendeu essa fogueira que nos queima e não aclara
Nossa noite maior, mais verdadeira

Eu sei o que te faz arder nesta fogueira. Tua necessidade em sempre ser o melhor dos homens, quando seu peito precisa apenas ser... Sempre buscas a superioridade, quando precisavas apenas uma coisa: ser, acima de tudo. Lembra?
O homem das palavras, que as vezes atingia sem nem ao menos olhar o alvo. Sem nenhuma intenção de sequer atirar.
O homem das emoções extremadas, que precisa encontrar um eixo.
Mas, que estava encontrnado.
E me penso ouvir de novo a prgunta: "Porque tudo só acontece comigo?"
Porque Deus só dá cruzes às costas de quem consegue carregar, não de qualquer pessoa. Porque és mais forte do que qualquer pessoa. Porque és mais do que palavras, polêmicas em internet, paixões impulsivas, emoções desalinhadas, amiguinho, um bom ficante... És um homem, que não precisa provar nada à ninguém. Que não precisa ser melhor, só te basta SER. O que ser? Apenas você.


Os bombeiros todos ganham
Os trinta dinheiros pra aquecer o fogo
Mas eu vejo a chama e tremo, por que sou daqui

Só aprenda uma coisa: ainda que ninguém possa acalmar as chamas que te assolam, que ninguém possa - ou queira- apagar o incêndio que provocaram em você, eu estarei aqui.
Olhando.
Tremendo.
Não sei se posso apagar o fogo.
Não sei se posso salvar alguma parte de ti.
Mas estarei aqui...

...Porque sou daqui.


(poesia de meio-de-texto(em negrito e em vermelho): Incêndio, de Fagner)

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