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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Javalis (Atos que Desafiam a Morte)-Segunda-feira

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Policial usa arma de choque contra javali selvagem e leva a pior

Apesar de normalmente funcionarem contra seres humanos, as armas de choque (tasers) podem não ser tão efetivas contra javalis selvagens. Um policial de Hernando (Flórida, EUA) descobriu isso da pior maneira possível.

As autoridades haviam recebido a reclamação de que um "porco extremamente grande" havia invadido o quintal de um morador na manhã de terça (14).

Quando Joseph Tibor foi atender ao chamado, deparou-se com um javali de cerca de 200 quilos revirando arbustos e ameaçando a integridade de uma fonte.

O inusitado hóspede ficou assustado com a presença dos curiosos e se lançou contra a multidão que o observava. Tibor não teve dúvidas: sacou a arma de choque com potência de 50 mil volts e tentou dominar o javali.
O choque não teve qualquer efeito sobre o animal, que foi capturado mais tarde, quando ficou encurralado em um trailer vizinho. Apesar do fracasso, o policial não se feriu.

Blog: Arquivos do Insólito


Seu parente africano consegue ser ainda mais feio que seus parentes do Extremo Norte do Globo terrestre.Bem distante da imagem dócil e simpática da Disney.

Até aquele domingo na TV Cultura, no agora já distantes anos 90, o javali mais simpático que eu tinha conhecido, era o do tipo africano que inspirou o Pumba do Rei Leão. Em geral, nunca pensei neles até quando apareciam como porcos domesticados em criações no Pantanal Mato-Grossense no Globo Rural, do qual se refere ás delícias de sua carne suculenta e tenra.E como sempre,passava naquela hora em que batia fome...

Pois bem, numa tarde qualquer, em casa, antes da minha adolescência, eu devia ter uns 10 ou 11 anos de idade, e passava o documentário sobre a vida animal chamado Planeta Terra, na rede Cultura. A abertura, era a música  TERRA de Caetano Veloso.Singela e simples, sua narradora tinha uma voz inesquecível para mim, e sempre me revelava os mistérios da vida selvagem. Na maior parte das vezes, os documentários traziam imagens do lado norte dos pólos.Foi dali que nasceu minha paixão pelos Lobos, sua liberdade, seu estilo de vida.E eu tinha um cachorro vira-lata, negro, raceado com cockie spaniel, que muitas vezes me lembrava aqueles animais fascinantes, pelo seu porte digno, seus olhos castanhos claros cor de outono, sua seriedade e solidão negras.O nome dele era Nick, em homenagem ao personagem de Macaulay Culkin, de Esqueceram de Mim 1.Ele morreu aos 15 anos de idade, de morte natural, e choramos muito sua partida...Durante muito tempo,ele tinha sido meu único amigo.Rabugento,chato, belo e silencioso amigo. Me faz falta chegar em casa e ver ele saltitar feliz para mim...

Então, naquele domingo, passa um documentário sobre javalis, no caso, os norte-americanos.Devia ser outono, pois as folhas estavam no chão, formando aquele belo tapete laranja,vermelho e amarelo daquela região. As árvores já estavam em tons de preto. Deveria ser algum lugar na Carolina do Norte ou na região quase fronteiriça com a província semi-independente de Quebéc, no Canadá. Era um dia de caçada, e os homens estavam armados com seus poderosos rifles calibre .12 wichester colt de repetição com mira telescópica, pick ups 4x4 da Ford de cores vermelho ferrugem, cordas, correntes e armadilhas as mais diversas, equipamentos para acampamento em florestas e montanhismo, mantimentos enlatados, walk talkies, cerveja Budweiser, chocolates Hersheys, M&M´s, batatas fritas Pringles, Rufles  e salgadinhos diversos, óculos ray ban escuros, seus facões de estilo militar, roupas adaptadas ao meio daquela região, botas, bonés chamativos de times de beisebol ou basquete ou futebol americano, camisas xadrez. E sorrisos que emolduravam faces brancas e gordas de meia-idade cheias de barbas ruivas, pretas e grisalhas. Pois aquilo era o unico e último esporte dos verdadeiros homens norte-americanos, brancos, anglo-saxões e puritanos ( W.A.S.P., sua sigla em inglês, os mesmos que no sul fazem parte da Ku Klux Klan e votam nos Democratas ou Republicanos que melhor espelham suas convicções), aquele tipo de homem que nasceu para domar a natureza e conquistar territórios pela força de sua predestinação e vontade, que haviam feito aquele grande e magestoso país,  nem que fosse nos fim de semana, como aquele, em parques e reservas florestais, autorizadas pelo Governo.E sempre acompanhados dos jovens rebentos louros do sexo masculino, para que aprendam desde cedo a serem homens, hetéros, brancos e tementes a Deus. Ali estava o perfeito esporte Norte-Americano, aquele que não vemos na TV por Assinatura: A Temporada de Caça e seu personagem arquetípico principal, O caçador.
Para nós brasileiros, isso é um completo absurdo...Porém, não se você fosse um frustrado trabalhador norte-americano, que teve seus empregos "roubados" por esses malditos latinos, negros, asiáticos, gays e lésbicas...
Eles estavam excitados e alegres.Não era uma temporada qualquer.Não iriam caçar patos ou gansos.Eles iam caçar um dos seus animais mais poderosos do imáginário da caça, ao lado dos grandes ursos negro e marrom, os lobos,  alces e seus parentes cervídeos. e os bisões: O javali selvagem. Há meses eles esperavam por aquilo, e já tinham planejado tudo, quando aceitaram serem filmados por uma equipe de televisão da BBC de Londres para mostrarem, como "Os verdadeiros homens se divertem na América".
Era preciso cuidado, dizia o líder dos caçadores, pois esse animal era extremamente astuto e feroz!Como seus olhos brilhavam!Dessa vez, eles escolheram os cães da raça Pitbull, pois os fiéis beagles não são capazes de enfrentar a força dos javalis selvagens.Os cães estão tão excitados quantos os homens, que vão caminhando pela floresta buscando o rastro do animal.Os cães são bastante barulhentos e isso atrapalha bastante.E as folhas velhas fazem bastante barulho e dificultam a caminhada.No binóculo,nada.Se comunicam pelos Walkie Talkies (invenção japonesa), com as outras equipes de rádio,e com a central, no rádio.A um clima tenso,respiração retesada, adrenalina quase sexual no ar..Longas e exaustivas horas de silêncio, até que...
ÊXITO!ENCONTRARAM UM JAVALI MACHO,SOZINHO!Começa a caçada, os pitbulls se arremessam velozmente no pobre animal que começa a correr em disparada. Eram trinta cães de caça bem treiandos e alimentados da raça pitbull, com suas poderosas mandíbulas de quase uma tonelada de pressão, contra um único javali selvagem. Eles o cercam,rosnam,latem e mordem o pobre animal. Arrancam tufos de pele e pedaços gordos de carne dele ainda vivo.Tentam morder suas patas, pra arrancá-las e quebrá-las.
Mas, ele resiste.É forte,um sobrevivente das Eras Glaciais.Já havia matado lobos, encarado ursos, cervídeos, bisões e humanos com suas flechas e tacapes, antes das chegadas dos W.A.S.P com seus poderosos rifles, cães e capitalismo industrial.Já havia sobrevivido a invernos rigorosos, épocas de acasalamento, disputas com outros machos da espécie, a fome, a sede, animais peçonhentos, plantas e fungos venenosos.Não tinha lar, ou descanso, ou família.Era apenas ele e a floresta.Se recusava a extinção, se recusava a ver seu território delimitado por uma exígua reserva florestal.Se recusava a ceder território ao progresso, a temporada de caça, ao avanço urbano, ao homem branco.AQUELE ERA SEU TERRITÓRIO, NÓS OS INVASORES!
E ele lutou,como lutou!Com suas afiadas presas nos dentes, ele perfura fatalmente 3 pitbull´s que gruninham de dor lancinate antes de morrer, e conseguiu deixar incapacitado seis que seriam sacrificados, feriu gravemente mais 3, e deixou ferimentos leves em 9.Um incrível saldo de 3 animais mortos e 9 a serem sacrificados!12 CÃES DE CAÇA DA RAÇA PITBULL BEM TREINADO E ALIMENTADOS, DERROTADOS POR UM ÚNICO JAVALI EM MENOS DE 10 MINUTOS DE BRIGA!Quase metado do contigente de animais perdida, para diversão do horrendo M.M.A. Os homens choram e lamentam a morte dos cães, enquanto um grupo avança , o outro faz os "funerais dos heróis", alguns criados desde pequenoe chamados por nomes, matando-os "piedosamente' com um único tiro de espingarda.O som das armas de fogo faz eco na floresta semi-deserta, assustando os pássaros que voam velozes.Não,hoje o dia não era de caça aos pássaros,eles tem sorte.Agora, era a vez dos homens  e seus rifles fazerem o trabalho que os cães não podiam fazer...
Deviam ser não mais que cinco homens.Uma equipe de caça pequena, vista que podiam chegar a pelo menos trinta homens.Uma estrutura pequena,aquilo era justificado por causa da pressa que tiveram em montar sua equipe. Havia uma criança entre eles,um menino,devia ter cinco anos,louro, de olhos azuis, como aqules que encontramos nas molduras de loja de fotografia.Seu dedo ainda estava na boca, e chorava muitas vezes...seriam as armas ou pena do animal?Os homens riam,e o pai carinhosamente coloca seu rebento no colo,por alguns metros, até se cansar e mandar parar com aquilo.Era o filho do líder...
O animal não devia estar longe.Ferido, cansado,incapacitado ou provavelmente morto.Morto,seria desperdício de tempo.Incapacitado, um tiro de misericórdia.Ele tinha que estar em plena forma,pra valer o investimento de tempo e dinheiro que havia custado aquele final de semana inteiro. Não demora muito,eles o encontram...Cansado,ferido, pata quebrada, sangrando,ainda assim com um olhar desafiador.VIVO!Eles miram e dão um único tiro...
Ele cai.A dor e forte,e ele grunhi.Dessa vez, só a silêncio, não pássaros.Estes já haviam ido embora.Os caçadores comemoram entre si.A cãmera da BBC registra tudo, então, eles o amarram, e surpresa:Ainda estava VIVO!
Mas,era por pouco tempo...morreria de hemorragia.Haveria churrasco de Javali,euma cabeça em cima da lareira.Enquanto isso, a narradora explica:

Mesmo perto da morte, completamente amordaçado, sem poder fazer nenhum movimento, o valente javali continua com seu olhar desafiador e afiando suas grandes presas, como se esperasse o terceiro round daquela batalha sangrenta...Como se recusasse a morrer...

A vida dos Javalis não é fácil. Eles não nascem, são postos no mundo.Não tem pai conhecido, e suas mães são amorosas até um certo ponto, até um certo dia, que elas te cobram. Até o dia que elas percebem que você mudou. Seus irmãos, são lindos e fofos, até o dia em que els resolvem que você não é mais tão necessário. Quando da mesma forma que suas mães, eles percebem que o mundo querem eles distantes e só.E assim,eles te abandonam, ficam hostis e com o tempo, se tornam estranhos...ou será que sempre foram e não percebemos?
Você é feio, sujo, gordo, fedorento e só.Ninguém terá pena de você.Não há tempo pra se lamentar pelas perdas: A vida ta aí,se resolva!Quantas vezes ele não pensou em morrer?Quantas vezes ele não olhou um fungo ou planta venenosa e o ingeriu ou teve a tentação de o fazer?Pode não parecer, mais os suínos são uma das espéceis de mamíferos mais inteligentes. Então você tem que viver só, na grande floresta, sem amigos, sem família, sem diário ou lar.Cada amor é uma transa fortuita, do qual o significado se perde na mémoria...como as estações do ano.
Filhos?Não os conheço, mas devo ter.Quantos já não o perdi?Irmãos?Não sei por onde andam ou o que fazem.Temos tão pouco contato, e somos tão selvagens...
Então,um dia, você está cercado por Pitbull´s chorosos ao redor de você.E se recusa a morrer.Eles tiram nacos e mais nacos de você.E se recusa a morrer.Seu pêlo arrancado, sua carne exposta. E se recusam a morrer. E então, chegam os caçadores, todos vestidos de jaléco branco, seus óculos mirando como miras telescópica, olhares sérios. E se recusam a morrer. Você amarrado pelas cordas da síndrome de Guillaume - Barré, amordaçado sem movimento. E se recusam a morrer. E esperando...esperando o líder dos caçadores, com seu grande rifle. E você se recusa a morrer...
Você está preso numa cama, e ainda assim seus olhos continuam a desafiar a morte, e afiando as suas presas. Cada parte do seu corpo sói, mas você se recusa a morrer. Cada movimento cessa, e você se recusa a morrer. Então o grande caçador vêm,pega sua mira e atira.Haverá churrasco de javali hoje.E uma cabeça a decorar sua estante ou lareira.Porém, do javali, ainda restarão as presas afiadas e os olhos de quem se recusou a morrer, e lutou pela vida até o último afiar de dentes.Não sei a céu ou inferno para os javalis, só sei das cinzas que deixam quando são queimados. E do olhar e destes afiados que sustentam...Até restar cinzas...
Essa é a vida dos Javalis.Humanos choram, javalis não.Eles afiam os dentes e fitam você até a morte de olhos bem abertos...



imagem retirada do blog da editora portuguesa: Quetzal
 Diego Costa Almeida

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