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sábado, 20 de novembro de 2010

Os Idos de Setembro


Essa tirinha é para lembrar como eu quase (sempre) sou dramático ^^ ...

O amor se deixa surpreender,enquanto a noite vêm nos envolver...
Wave,João Gilberto e Tom Jobim.

Na quinta-feira,nós conversamos.Foi bem legal: rimos, andamos por muitos lugares, sentamos no laguinho da faculdade,e ficamos de papo pro ar esperando a noite chegar.E com ela a escuridão.Não tive medo, estava com você.Depois de tanto tempo...distantes que estavámos,eu ainda assim acreditei que viveria esse ano para ver novamente...os patos.Mas,não como das outras vezes:Foi diferente.Vimos patos, gansos, garças e sapos.Muitos sapos.Anfíbios em geral, costumam da medo em algumas pessoas. Em alguém.Em geral não tenho medo, só talvez os ache nojentos.E venenosos...como os escorpiões.Mas,não que não fossem os mesmos animais que eu tinha visto...é porque de certo modo sentir que nunca mais os viria de novo como naquela tarde, que eu estive com você.
E o tempo parou, era como se tivessemoa voltado a alguns anos atrás....Sem tons de sépia ou preto e branco.Tinhamos cores.E erámos felizes.
Estivemos juntos o tempo todo...E não nos separamos.É como se o mundo todo fosse um fim de tarde.Com cocadas brancas e negras,meladas de doce de leite, fora do banco do BRASIL.Piadas.Trânsito serial killer no giradouro da federal.Ônibus com ar-condicionados,conversas de sexo. Eu perdi um dia de aula inteiro por isso.O mel presente em todos os momentos:Se lembra, até te mostrei um adesivo com foto escrito :"MEL PRESIDENTE, PARA ADOÇAR O BRASIL! Partido GLBTT..." e haja siglas a indicar opções sexuais "minoritárias",em nossa sociedade.Tirei foto disso,e rimos muito.A única imagem que temos juntos. Ganhei um imã com uma faca, ou seria uma faca com um imã? Engraçado,nunca tiramos fotos juntos,e você se foi sem termos nada de lembrança.Sem lembranças:Apenas confiaremos em nossos falhos sentidos. E em  pedaços de chocolate branco Laka,três saquinhos de mel, e uma fivela barata. Em forma de uma flor negra com bolinhas brancas, numa embalagem em tom de branco com bolinhas negras.Foi o que eu  dei,quando chegaram. E em troca recebi 3 horas de um pôr de sol perfeito.E eu disse que fomos "nós" que compramos, quando na verdade foi apenas eu...coisas de amigo.
Numa fração mínima de tempo,fomos iguais.Sem mágoas.Sem passados.Sem conversas chatas sobre feridas ou algo que insistimos tanto em despejar em blogs.Sem internet por (quase) um dia inteiro.Apenas erámos nós.E uma tarde.E um brinde na forma de 3 trufas de chocolate com pimenta.Guardei a embalagem toda melecada da trufa artesanal.Ela me melou todo com seus sabores, do qual tive que chupar diversas vezes o dedo.Como uma criança, gostei de doces.Eu que sou meio amargo,e não gosto desse sabor.Fui doce,e soltamos piadas sobre cu doces de ENEH...xD
Aquela trufa tinha embalagem vermelha.Como o sangue nas veias.Como o coração.Houve apenas um rémedio no meio de nós.Só para uma dor de cabeça.Física,não mental.Nos vimos a noite, nos deixamos na parada.O Barro/Macaxeira nos separou. Sem mais os três.Novamente viramos dois. E depois um. E antes de não sobrar mais nenhum, eu te convidei pra ir num bar, beber alguma coisa antes da volta ao laboratório de informática, a aula,. e conversarmos .
Não bebemos bebidas álcoolicas. Eu tinha poucos trocados.Olhamos as "photoshopagens" de retratos de pessoas famosas em preto e branco com a dona do bar.Rimos de novo,nos embriagamos de Coca - cola gelada.Havia lésbicas e fumantes passando por nós, e jogando sinuca.Cheiros de cigarro,e de maconha.Aquilo no vaso é um pé de Cannabis Sativa?Não é uma inocente planta.Não era carnívora.Ao fundo os banheiros sujos de ambos os sexos, na entrada caldinhos imundos, como em O Cortiço, de Álvares de Azevedo.O vinho carreteiro, o ovo de codorna com sal a 2,50, que pensamos em comer e desistimos.Batatas fritas.Cartazes da Skol nos lembravam o tempo todo qual era a cerveja obrigatória por lá.A cor amarela era quase que completa nesse ambiente cor de sol, de girassol,de gema de ovo.De amarelo.De Magnólia.Era o nome do bar,e do filme que eu mais gostei.
 E no ar, sobre as onda sonoras, uma música como se fosse trovão ressoava que nem profecia...

É aquela que fere, que virá mais tranqüila
Com a fome do povo, com pedaços da vida
Com a dura semente, que se prende no fogo de toda multidão
Acho bem mais do que pedras na mão
Dos que vivem calados, pendurados no tempo
Esquecendo os momentos, na fundura do poço,
Na garganta do fosso, na voz de um cantador

E virá como guerra, a terceira mensagem,
Na cabeça do homem, aflição e coragem
Afastado da terra, ele pensa na fera, que o começa a devorar
Acho que os anos irão se passar
Com aquela certeza, que teremos no olho
Novamente a idéia, de sairmos do poço, da garganta do fosso, na voz de um cantador

Na vitrola tocava Zé Ramalho e sua Terceira Lâmina.Gostamos desse mesmo som,e baixinho cantamos.Como se rezassemos para Deus. Você falou dos LP´s de sua mãe,e eu apenas fiquei calado ouvindo os sons, que se perdiam no tumultuado ambiente a nossa volta.Desabafamos.Mas,não deu pra dizer tudo e sairmos de lá, expulsos pelos barulhos humanos, como Adão e Eva do paraíso.
Fomos numa barraca, no outro lado da rua.Com meus poucos centavos restantes, comprei pippos sabor churrasco,e uma garrafa de coca-cola gelada.Sentamos em cadeiras de plástico, colocamos nossa comida , nossa bebida e nossas aflições sobre a mesa, como se aquela quinta-feira, fosse na verdade uma sexta-feira.Continuamos o nosso papo, entre um gole e outro de refrigerante.E falamos de tudo: Amores, relacionamentos, fatos engraçados, piadas, feridas, ENEH´s, políticas, piadas, fim de cursos, faculdades, empregos,  concursos...Paixões. Passado. Futuro. Presentes. Saudades. Perdão. Amizades. E amor. Todo esse mundo que só nós três conheceremos completamente de fato, e que talvez jamais iremos revelar totalmente com as nossas palavras em blogs ou poesias. Porque a coisas, sentimentos e palavras que não podem, não devem ou não se conseguem ser ditas.São apenas sentidas. Será nosso silêncio. Como num pacto de amizade. Como num pacto com o diabo.Como num pacto entre eu, você, e ela.E o fim de tarde.
Já era tarde, e não sentimos o tempo passar.Eu ignorava seus avisos da minha hora de aula.Não importava mais aquela chatisse diária.Você precisava falar, dizer o que de dentro de você te consome,suas expectativas.E eu queria companhia conversar, e falar também de mim.Foi desse encontro que surgiu um elo interessante de cumplicidade.E você tava atrasada para escrever os textos que eu leria cedo ou tarde na manhã seguinte de sexta-feira como todos os outro que tem lêem diariamente.A semana não será fácil, eu sei disso.Tanta coisa mudou em nossas vidas, e setembro passou tão rápido, que parece sonho.Você nem se lembra,mas entre os idos de setembro, entre o meu e o seu setembro, existe uma distância exata de dois anos.Dois setembros.Engraçado né?
Foi num setembro que nos conhecemos, por outros sentimentos.Foi num setembro que você se conheceu.E eu me conheci. Nos perdemos entre idos de setembro,entre músicas, segredos,beijos. E entre tanto tempo, vivemos uma década em dois anos.Cada um com sua vivência e história de felicidade, desilusão,sonho, desejo,amor,sexo,paixão,amizade,e vida.Muita vida. Aprendemos como poucos os significados da palavra dor e do verbo amar.Ninguém sabe o duro que a gente deu: Sofremos e provocamos feridas que , um no outro, demorarão a sarar.Se sararem.Entre gritos e juras de amor e morte, entre tentativas suicídas: Estivemos no Inferno de Dante. No Purgatório.E no paraíso, na velocidade de um rabo de cometa,e ainda assim, sentimos a vertigem nos doer como se tivesse sido ontem o resultado de nossas aventuras.Tudo com sem drogas a nos acompanhar...Em resumo:Nos permitimos sermos humanos,e egoístas.
Porque sentíamos amor....
Família,amigos,namorados,trabalhos,faculdades...dois setembros depois...
Como 3 seres tão distante puderam se encontrar num mesmo lugar do espaço e tempo?É um desafio as leis da física Newtoniana.E mesmo assim...parecia surreal aquela tarde de novembro: Não faz muito tempo, nem olhar um na cara do outro fazíamos. E agora, nós saímos daquela barraca.andavamos juntos e conversavamos!Fomos interrompidos algumas vezes por conhecidos.Nos demos dois abraços, como há muito tempo não dávamos um no outro.Abraços que eu senti sinceros.Abraços de uma amizade verdadeira.de paixão contida e sublimada. de amor sincero pelo próximo como se fosse você mesma.Exagero?É eu sei que é,talvez você não tenha sentido nada disso,ou sentiu um mal estar,seria natural.Há única coisa que eu não tive certeza, é se foi um abraço de perdão...é cedo dizer se foi,pois ambos precisamos a aprender a lidar com esssa palavra.Mas,você me transmitiu tanta paz que...Te beijei a cabeça,e senti algo tão forte como se tivesse beijado sua boca.Como se fosse um desejo.Foi um sentimento forte,mas contido.Como deveria de ser, porque não poderia ser de outro modo.Não sei dizer ao certo que sentimento tinha sido esse: Não sabemos mais o que sentimos um pelo outro,mas, somos muito parecidos na cor de nossas peles, nos olhos negros, nos corações intensos.Você deve ter sentido algo estranho nisso tudo também.Confesso que me assustei: Sua mão tocando meu rosto foi tão inusitado que...pensei sinceramente que você ia me bater!Afinal, a tarde inteira nos zoamos mutuamente,e já havia levado um belo tapa nas costas...no entanto,aquele gesto foi tão humano, que eu não soube o que dizer.O que sentir.
Não se force demais,diego.Foi o que você falou quando te contei da minha ânsia em encontrar um novo amor, e disse ainda mais,que eu vivi demais no teatro.Você estava certa: Essa vida que eu vivi, foi um grande teatro.Não usei máscaras, nem menti, mas atuei meus dramas de forma tão forte, que até o público se cansa as vezes. Fui intenso.Não fui equilibrado ou maduro.Me entreguei demais, me forcei demais, e mais de uma vez, pus tudo a perder. Testei a todos com o meu temperamento.Feri tanta gente, sem nem me tocar.E mais de uma pessoa hoje em dia deve me odiar.Ou já me odiou um dia...E sempre dei uma de coitadinho, de vitimista.Não por querer,mas, porque sempre achei que o mundo fosse o culpado.
É carregamos culpas demais, e em comum, tentamos seguir nossas vidas sem cometer os mesmos erros, mesmo sentindo uma saudade feroz ás vezes.Ou sempre:Nem sempre a dor falada, é realmente a sentida.Sempre tentamos consertar as coisas, muitas vezes, sem sucesso.Mas,temos uma fé inábalavel nessa vontade de viver a vida, que não desistimos fácil.Nos cobramos demais, nos forçamos demais.Mas,sempre por uma boa causa:ser feliz.
Não sei se eu mudei, ou se estou mais maduro.Mas,algo mudou de certo,e ainda não sei o que foi.Te senti diferente também, todos nós estavamos mudados. E teremos desafios ainda mais fortes daqui para frente.Iremos fraquejar, sentir medo, dor, saudades.Entretanto, confio na sua força.E você,lembre-se,nunca estará só.E se tiver só,não exite em pedir ajuda, e até mesmo em chorar. E se chorar, conte comigo.Estou do seu lado e me preocupo com você desde antes da idade de amar você.Desde que descobri que te odiava.Desde a época em que eu te amo.
Eu sei,nem tudo é perfeito:Temos muito o que fazer e sem olhar para trás.E demorará muito para apagar todos os erros.E sinceramente, ainda não estamos prontos para certos perdãos.É um compromisso que levará tempo,mas, um dia irei fazer.Por você,por mim.Eu prometo.
Nunca abandonei ninguém: As pessoas é que se vão.Por isso, é complicado contar com todo mundo.Frequentemente somos injustos.Mas,saiba que você tem a sorte de ter um setembro inteiro de amigos, que durarão mais que as estações estudantis.Um setembro inteiro de familiares,que por mais complicados que sejam,são pessoas que te amam.Um setembro inteiro de amores, porque são os amores que te fizeram ser a mulher forte que você se tornou,e que eu não escondo a admiração e o amor por essa mulher.Porque és humana,acima de tudo,e você são todos os idos, dias , semanas e horas de setembro. O setembro é você!
Então quando os idos de setembro virão na forma de mensagens distantes.Não temas...o que você viveu foi um sonho real, um setembro real.Essa semana jamais poderá ser tirada de você,e seus sentimentos superam em muito os homens que o viveram.Será duro,então não se force.Não se fira, nem fira ninguém.Não se machuque demais.Viva apenas esse momento feito de setembros,sem medo de se permitir chorar em amigos, poesias,e canções.E em até eu te amos.Mesmo que doam, só assim certas feridas se cicatrizam.Pois um dia esse setembro irá embora, mas ficará dentro de você pra sempre.Para quando um novo setembro vier, mais luminoso, mais forte, sem as dores do parto desse mês, você poderá ser plena e feliz.
Quanto a você,eu vou te levar como uma embalagem vermelha de trufa de chocolate com pimenta, ainda melada de doce, amassada dentro do fundo do bolso de uma calça azul-escuro.Foi o bombom de amor que eu comi.Vou te levar sempre comigo,aonde for.Porque eu te amo,meu setembro.Obrigado por tudo.

De um eterno amigo. 

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